terça-feira, 30 de agosto de 2011

Em um quarteirão de duendes e dragões.


Queria tanto poder viver civilizadamente, tendo como no papel um mundo democrático por lei, um pouco mais de cidadania entre os homens, porém isso é apenas um sonho alto, que vivo buscando com perseverança e garra já que minha realidade é bastante diferente:
 “Na madrugada sinto o calafrio que sobre pela minha espinha e vai até meu córtex, dando um pulso de adrenalina açucarada para se chacoalhar e continuar caminhando. A rua vazia exemplifica ainda mais minha solidão os monstros noturnos ferozes disputando como eu a sobrevivência nas sombras, teus olhos brilhantes inibem o medo, suas presas sanguinárias alimentam a fúria e desejo pela presa. Eu sem rumo ando dignamente e humilde talvez até descalço, talvez até sujo mais com a cara limpa e de um caráter bom.
Se há uma saída lógica, à loucura, se há um bem próspero, sobreviver à noite. Sejam soldados da paz citando poemas de luz ou gárgulas satânicos destruindo gargantas. Aqui ninguém tem vez. Como o negro na sociedade. Nós os renegados da escuridão somos vistos com desprezo, já que os homens não conhecem a beleza de cada um dos seus.
Eu particularmente posso até não ser ninguém, você não me conhece e também não faço a questão de simpatia. Meus propósitos busco sem você perceber. Ninguém está se importando se disputo os restos com baratas e ratos. A lei da selva, conseguir passar mais um dia sem levar um tira para a cara.
Não tenho medo do destino então o sigo na mais louca inocência. Seria cruel dormir no chão gelado, duro, inconsequentes dos que caminham sobre, até que o reconheço compartilho sua frieza por que assim como ele só os pés passam por cima de mim.
E para enfrentar esse escarcéu de decepção só o poder da controladora de mentes, a única poderosa suficiente de te fazer seguir sem ver, sem rumo viver e assim, deixar de chorar, sofrer.
Ela vem arrebatadora toma conta do meu corpo, cria animações que me fazem companhia, eu suspiro percebo que novamente estou sozinho no mundo, para ser sincero até gosto de ser assim, sonhar, querer ter um fim feliz?
Meta rude de onde eu venho já que para um diamante que foi lapidado no desespero, ser um louco viciado que escreve admirado, sentado na sarjeta e ainda por cima vendo o sofrido luar claro, lindo e somente eu para vê-lo. A destruidora de vidas no mais me motiva a não tirar a minha própria.
O efeito passa e começo a ficar sóbrio novamente jogado as traças do pé de uma cruz maldita. Não diziam que Deus morreu pelos seus? Pois é, na época dele, esqueceu-se dos bravos guerreiros do apocalipse. Três e dezoito da madrugada de uma quinta feira Lúcifer dando risada da minha desgraça e Cristo está lá em cima comendo pão com vinho tinto. Eu, Rafael, outro dos derrubados relato a vida de um drogado, bravo e revoltado, homem...
Talvez homem, talvez anjo, talvez escritor. Só que dentre as características aqui citadas tem a que mais prezo por ela a capacidade de sonhar e ver o dia que meu universo que só é treva, vai aparecer à luz para que eu possa soltar o grito de redenção e vitória.”
Em um quarteirão sombrio de duendes e dragões disputando com ambos a salvação a lei dos mais fortes fira ao meu lado.

PS: Rafael, um sobrevivente da parte cruel do mundo.

 ~ HB.

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