sábado, 26 de novembro de 2011

A estrutura da rosa!


Todos os que passavam naquela rua se pareciam iguais, não demonstravam nenhuma diferença expressiva, se destacavam levemente pelas roupas que usavam, ou então era perceptível a diferença por serem de uma cidade vizinha e sem querer acabaram passando na Rua Vincent Fortunato por acaso.
O braço debruçado sobre a madeira opaca da janela já era costume e olha que nem era tão velho a ponto de habituar tal atitude. O fazer nada era inevitável, a rotineira vida cabocla se destacava por meio os sertanejos, a vista pelo menos era adorável, um jardim verde levemente marcado pela tristeza do lugar, destacado por uma rosa fixa e vibrante. Vermelha, tão sedosa... Era bonito de ver aquilo debruçado à janela. Só que ela como os dias, foi perdendo sua importância e se tornando mais um homem os quais a cidade movimentava.
Uma tarde de sábado foi o suficiente para transformar o coração dele petrificado pelo nadismo, em um intenso possante ao vê-la passar, seus olhos brilhavam como de uma criança ao brincar de roda. Seus braços tremeram uma impaciência continua nunca ainda antes presenciada, um frio nostálgico que subia pelo corpo arrepiando-te também, dominavam aquele lugar e diante à janela os olhares se fixaram.
Era assim a todo fim de tarde, até que não se deram conta que não se conheciam, mais a moça, assim como a rosa, aquela mulher combinava com seu jardim, com sua casa, com sua vida, dava a ele uma cor diferente; Molduradas apenas pelas tabuas frágeis e já bastante surradas com marcas desgastadas do tempo.
E vi então uma força reagindo naquele lugar o amor seria essa força? Ou a desatenção que a rosa provocava ao olhar do rapaz quando a mulher passava. Também poderia ser a mulher quem causava desatenção quando o rapaz apreciava a delicadeza e a beleza mágica da rosa.
Sem trocar palavras se conheciam como nunca, confidenciavam segredos, trocavam sorrisos, e o único ser que ali sabia além dos dois amantes era a rosa que sempre viva estava majestosa e soberana dentre as outras do jardim.
Uma data que se foi, como um dia a mais de sol poente, ou um som que desafina no seu legado, a moça deixou de caminhar por aquelas redondezas talvez fora tirar a atenção de outros homens debruçados sobre tabuas ainda mais mornas de ternura. Talvez esteja confundindo o sentimento de mais um sertanejo com tua beleza estonteante, o que se sabe é que o rapaz então deixou de ficar parado às tardes, e começou a fazer da vida algo útil, um trabalho... Comentavam. Mas a qualquer um que por lá passasse ou que por aquela janela olhasse conseguiria ver com eu pude ver, rodeada de um verde não multo vivo e nem tão morto, porém o suficiente apagado para parecer uma foto desfocada apenas para que se possa ver o centro da imagem, no mais seria a incrível estrutura da rosa que ali nasceu.

~ HB. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário