terça-feira, 13 de novembro de 2012

Diamante Negro



 “As lagrimas que agora rolam pela minha face, me tiraram a possibilidade de dormir, afinal os seres humanos se esqueceram o quão bom é ser humano. Olho meus dedos, meu rosto diante o espelho, meus braços e pernas, marcados por essa terrível cor que me abomina, talvez seja apenas um surto melancólico da minha mente em constante sofrimento. Mais preferia não ter nascido negro... Este ser desprezível o qual me tornei, diante a sociedade é apenas mais um monstro merecedor de chacota, sinceramente meu psicológico não está mais disposto a continuar vivendo. E se não há alma, não a vontade de continuar. Qual o verdadeiro significado do respeito mesmo? Que valha então o velho mandamento ame seu próximo como ti a mesmo.”

Nove horas do dia vinte e sete de maio, eu caminhava pela rua, que de costume, no horário em que voltava do meu trabalho, era para não encontrar muita gente, afinal já eram nove horas da noite, e a rua estava calada, apenas os sons dos meus passos e a vaga tristeza da noite se podia ouvir... Porem aquela sensação que tomava conta do meu corpo começou a se intensificar com o passar dos minutos, eu ia em direção a minha casa, e eles em direção à minha vida.
Tive a impressão de que passariam por mim, se fizessem alguma crítica seria aceitável, eu já tinha me acostumado com os diversos apelidos. Mas desta vez foi diferente, dava para se perceber que estavam em um numero vantajoso, mais eu não reparei o que carregavam...
Só consegui ouvir o grito, guerreiro, e torturador que atingiu o meu coração como uma flechada venenosa:
Matem o negrinho!

E correram em minha direção, não se pode ouvir mais nada, meus passos já eram vagos, meu corpo sem poder resistir aos golpes, caiu, cedi, era apenas eu suplicando para poupassem minha tristeza contra todos aqueles demônios que tentavam acabar comigo. Uma surra, um pecado, a humanidade não sabia, outros olhavam meus olhos, mais não diferenciavam se estavam roxos, alguns diziam que as deformações eram da própria raça, e eu só queria acreditar que tudo aquilo era um pesadelo, e eu ia acordar em breve...
Esse seu tal preconceito, é muito mais do que uma simples opinião, esse seu tal mal com a minha raça é bem mais que um simples desgosto, será que não vão olhar o mundo com os meus olhos? Será que não vão me imaginar com um ser vivente? Ou tudo o que nós conseguimos não serve de exemplo para vocês, sociedade hipócrita. Seria mal nos atender da mesma forma? Seria errado respeitar um negro do jeito que se deve?  Ou seria errado se tornar um pouco mais racional, e deixar de viver como um bicho. Sendo que é disto, que somos chamados!

Rafael, 2012...   Um desabafo, de alguém que ainda não perdeu as esperanças, sentiu desgosto, quis deixar de viver, sonhou com o dia em que os homens fossem mais igualitários, sofreu muito e chorou este por sua vez, dormiu... Acreditando que irá acordar e encontrar um lugar melhor.
Não se cale diante o preconceito, raça é honra!

HB.

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